quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Desabafo

É triste saber que não valemos nada além do nosso serviço prestado dentro de uma organização.
Vestir a camisa da empresa não basta, eles querem mais.
Eles não querem saber se você tem família, se faz algum curso, se faz faculdade, se vai ao médico...
Dane-se! Eles querem que você se rasgue pela empresa, que fique após o horário do expediente e não cobre hora extra, querem que você leve trabalho para casa, que você assuma riscos maiores que deveria, se você ganhasse na loteria e realizasse uma doação do prêmio à empresa, seria perfeito!

Será que você pode mandar um funcionário não marcar um compromisso numa determinada data para servir à empresa após o horário do expediente? Você pode MANDAR?!!
Claro que não! O máximo que você poderia fazer era perguntar se ele faria esse favor, mas pergunte pessoalmente e não mande recados, isso é pessoal e recados... Bom, deixa prá lá.
Será que em sua brilhante mente empreendedora, dinâmica e perspicaz não passou a idéia de que seu funcionário pode estar se preparando para uma prova da faculdade, ou simplesmente que ele vai ao casamento do irmão? Ou então não, ele não vai sair de casa, mas precisa cuidar do filho para que a esposa vá ao médico.
Não, você não pensou nisso porque você não se importa com a vida das pessoas.
E essas coisas são irrelevantes, certo? Ninguém vai marcar um compromisso exatamente no dia em que a empresa exigiu que não marcasse. Filhos? Faculdade? Casamento? Essas coisas são insignificantes diante do compromisso com a empresa, certo?
Errado, você está completamente equivocado meu caro.
E ainda ouso dizer que se o seu funcionário não tinha nada marcado para este data, apenas pelo fato de você ter agido de forma tão arrogante e demonstrado tamanho desinteresse pela pessoa, certamente o seu funcionário passará a ter um compromisso muito sério e não poderá comparecer porque uma pessoa que se valoriza e sabe do seu potencial não vai se submeter a um ultraje como esse.

- Ora bolas! Mas eu que pago o salário dele e ele só está vivo e sustentando a família graças a mim!
- EU DOU O SALÁRIO DELE!
Já ouvi isso de um chefe acreditam?

O fato é que para a tristeza de vocês nobres empresários, a escravidão acabou há 120 anos e vocês continuam presos a esse regime nojento.
Não quero ser amiga de chefe, mas quero ser tratada com respeito e quero que lembrem que sim, eu faço faculdade à noite, nos finais de semana tenho ensaios do teatro e tenho total consciência de que tudo isso é proporcionado pelo meu salário. Porém para receber este salário, é necessário que eu passe 8h trancada dentro da sua empresa durante 5 dias da semana pensando única e exclusivamente nela, pensando na sua empresa muitas vezes mais do que você que não se programa, não faz planejamento e eu visto a camisa de verdade.

De modos que após o período do expediente eu não realizarei tarefa alguma em função da sua empresa.
A menos que você saiba demonstrar humildade e humanidade, ou seja, que você saiba ser um líder de verdade e tente me convencer de que você e a sua empresa merecem a troca dos minutos preciosos que tenho durante o meu tempo livre ao lado dos meus amigos e familiares.
Lembre-se que nesses momentos, você e a sua empresa serão comparados com amigos e familiares sempre e que estar entre papéis e telefonemas após as 18h é questão de escolha e nada me prova o contrário.
Preciso do emprego, mas não dependo dele.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Que saudade das férias

Voltei ao trabalho e na segunda semana de retorno me sinto como se estivesse na última semana do ano.
Estou cansada e triste.
É justo passar o ano inteiro trabalhando tanto e receber no final do ano apenas 17 dias de descanso?
E saber que a empresa que trabalho nunca planejará as férias no início do ano, para que todos programem o descanso com a família? Sempre será sem aviso prévio... Não posso acreditar!
Passar 8h do dia sentada numa mesa de escritório onde a única forma de manter contato com a natureza é através de 25% da janela da sala que me permite ver um pedacinho de um céu maravilhoso e me deixa imaginando como seria os outros 75% da imagem se não fossem os prédios impedindo a minha visão.
Fora a agonia de saber que lá fora existe uma brisa incrível e um som de vida que tenho sede de escutar e o único barulho que consigo ouvir é o do meu teclado.
Ver um passarinho descansando na caixa do ar condicionado da sala vizinha e em 5 segundos perceber que ele se foi me faz lembrar os tantos pássaros criados presos em gaiolas e imaginar que o que eles sentem talvez seja isto que eu choro agora.
Pior é saber que isso tudo está acontecendo no mundo e eu estou aqui parada em frente ao meu nobre chefe, escutando ele falar um monte de asneiras e repetir tudo que eu já havia dito na semana anterior e colocar tudo aquilo como regra como se tivesse saído de sua poderosa mente tão perspicaz. Meu Deus do céu! Quanta bobagem tenho que escutar.
Talvez isto explique a minha náusea, talvez se eu estivesse lá fora, o analgésico que acabei de tomar fosse a última opção para afastar a dor e a angustia que estou sentindo agora.
Isto não é vida!