quarta-feira, 22 de julho de 2009

“Arrependo-me apenas do que não fiz”?

Isso me lembra um poema desses que a gente escuta pela primeira vez numa aula de literatura para vestibular e só vem dar valor depois, muito tempo depois...
Trechos do “poema em linha reta” - Álvaro de Campos

“... Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
... Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda...
...Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado...
...Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas...
...Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
...Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
... Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
... Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”

Se uns costumam vangloriar seus atos imundos anunciando que são felizes não importa como, eu reitero o que disse Maquiavel, “Os fins não justificam os meios”.

A verdade é que buscar os objetivos traçando metas dignas, sem agredir, sem magoar e procurando ser honesta com as pessoas que me cercam é a filosofia de vida que adotei após descobrir a minha essência.
Porque eu ERRO e me ARREPENDO SIM das coisas erradas que fiz e me orgulho dos erros que, conscientemente, deixei de cometer.
Errar é humano quando não se conhece a verdade, mas aprendemos com os nossos pais a sermos verdadeiros sempre, portanto mentir é uma falha difícil de aceitar, até mesmo numa criança.
Agir por agir, sem pensar, programar e planejar, com atitudes descoordenadas e desonestas, visando apenas o bem individual é para porcos ou coisa do tipo.
Não existe sentimento melhor no mundo do que o de conseguir algo honestamente.
Porque saber ser um rio que não destrói as margens do seu curso que ao contrário irriga e permite a criação de bons frutos por onde passa, é divino, é quase impossível, mas reconhecer os erros e dizer que falhou é incrível, honesto e humano.

A vida é torta, cheia de altos e baixos, de defeitos e qualidades e não acredito nem um pouco em quem tenta transmitir o inverso e exatamente por acreditar que a vida é adversa imagino que devemos tratar as pessoas com hombridade.
Por isso, me arrependerei e me envergonharei dos meus erros SIM, porque não sou dona da verdade, mas não uso de subterfúgios ou meios evasivos para diminuir a minha culpa e a minha falta de caráter em alguns momentos da vida.

Os relacionamentos não precisam dar certo, mas precisam ser sinceros e eu agradeço por ter preservado a minha dignidade, por não ter me constrangido em momento algum, e por ter aprendido que o meu sentimento é o que guardo de mais puro, é o meu segredo, a minha relíquia.
É isso que quero passar para os meus filhos um dia, se Deus permitir que os tenha.
E é só.

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