quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Voz Do Silêncio

Eu que adoro conversar, que gosto das verdades ditas.
Que prezo pela hombridade, que tento arrancar isso das pessoas e dificilmente consigo.
Sinto-me perdida diante da desenvoltura de algumas pessoas em determinadas questões.

Ser nobre não é para qualquer um às vezes eu também não o sou.
Concordo que não é obrigação oferecer justificativas ou dar satisfações...
Emoções à flor da pele assustam, eu entendo, já fui assim.
É mais simples excluir, sumir... A velha fuga.
Por essas e outras que tenho poucos amigos, mas eles são grandes e fortes.
Eles exigem a verdade e são intensos, assim como eu.
Admiro o homem que caminha comigo. Ser homem ao meu lado também não é fácil. Eu questiono, gosto de ouvir o que sente, de saber as agonias, as fantasias.
Gosto das malditas verdades às claras. Na realidade eu aprendi a gostar de “sentir o frio da desgraça”.

Como diria o poeta:

“Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu...
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida e não viveu...”

Na vida os momentos de verdade são raros, aprendi a entender as respostas através do silêncio que as pessoas costumam oferecer.
O bom é que o silêncio também fala.
Cada um oferece o que pode e o que tem. Não devo esperar muito de quem tem pouco.

E pra não perder o costume mando outra de Martha Medeiros.
Identifico-me muito com Martha.

A Voz Do Silêncio

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem
(Martha Medeiros)


-- (ACABOU) --

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