segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Semaninha ao meio!!

Recesso.
Tão sonhado, tão esperado.
Trabalho até a quarta-feira e depois...
São apenas 10 dias, mas quero aproveitar da melhor forma possível.Descansar e principalmente ler, ler muito.
Estive na livraria Imperatriz esse final de semana e observei uma situação interessante.
Entre os livros de poemas do escritor chileno Pablo Neruda (que curto muito), eu encontrei um livro de Florbela Espanca, não tenho costume de ler Florbela, mas conheço algumas coisas.
Entusiasmada com a capa, saquei o livro da estante e resolvi abrir numa página qualquer. Escolha aleatória, sem índices, sem regras, eu estava livre e tinha sede de aproveitar aquela situação da melhor forma possível. Completamente fora de controle, como um animal solto na floresta após anos de reclusão, na tentativa de encontrar alguma surpresa maravilhosa, algo que fosse ainda melhor do que a situação de estar sem rédeas.
Eu estava livre, num dia calmo, após uma noite encantadora, observando apenas os passos curtos do meu “namorido” no setor de informática... Para variar. É a minha sina, o meu fado.
Eu o observava, ele não notou, mas eu o observava.
Abri o livro de Florbela Espanca e me deparei com um poema “EU...”, coisas sobre o "self" me instigam. Levantei e busquei o meu “namorido” novamente antes de mergulhar na leitura do poema. Penso que instintivamente estou conseguindo formar um grupo, por enquanto é apenas uma dupla, mas antes eu não esperava por ninguém e não procurava ninguém, era solitária, mesmo estando com alguém, estava sempre só. Naquele momento eu queria saber se ele ainda estava ali ou se tinha sumido como os outros fizeram, aos poucos ou bruscamente, mas fizeram.
E ele estava esse tempo todo me esperando, vendo alguns livros é claro, mas estava me esperando placidamente. São nesses detalhes praticamente invisíveis que me agarro, me sustento, me seguro...Até não poder mais.
E finalmente, após observar o movimento do meu homem, resolvi começar a leitura do poema:
“Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!”


Existe no mundo algo mais parecido comigo do que isto? Meu Deus! Quem Florbela Espanca pensa que é?!
Como ela pode me abrir e me expor dessa forma? Pouquíssimas pessoas são capazes de me identificar neste poema, ouso dizer que apenas duas. Posso estar enganada, talvez até mais pessoas consigam, mas de certeza, apenas dois raríssimos seres são capazes de me encontrar, plena, neste poema.
Fiquei pasma. Estou pasma e péssima.
Foi um sinal, está decidido.
Passarei os 10 dias do meu recesso lendo, de preferência Florbela Espanca.
Decisão acertada ou não, "inerte" ou não, é a que escolhi para a minha existência.
Sem traumas, sem choros, retaliações, retratações, sem cobranças, enfim, quero salvar o que ainda resta aproveitando as bênçãos que Deus me dá.

Obrigada aos que me acompanham.
Adoro quando vocês me encontram e falam que curtem as minhas publicações.
A intenção não era tornar público, mas desabafar algumas vezes...

Feliz Natal para todos e um Ano Novo cheio de tudo que um homem necessita para crescer, aprender e se tornar bom.
Beijos
Manu

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